Leis de UX no e-commerce: Venda mais com a Lei de Hick

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Entenda como a psicologia do consumidor e a redução de escolhas podem simplificar a jornada de compra e aumentar sua taxa de conversão

Designer segura um esboço com três opções de design de interface para um aplicativo ou site mobile. A imagem ilustra o processo de aplicação das Leis de UX no e-commerce para decidir qual layout oferece a melhor experiência ao usuário.
Foto meramente ilustrativa: @freepik.com

Imagine entrar em um restaurante e receber um cardápio com 200 pratos diferentes, sem fotos ou descrições claras. A chance de você se sentir sobrecarregado, indeciso e talvez até desistir de pedir é enorme, não é? Essa sensação de “paralisia de escolha” é um dos maiores inimigos da conversão, e ela acontece todos os dias no seu e-commerce. É aqui que entram as Leis de UX no e-commerce, um conjunto de princípios psicológicos que, quando bem aplicados, transformam a experiência do usuário.

Dentre elas, uma das mais impactantes é a Lei de Hick. Este princípio fundamental do design de experiência do usuário afirma que o tempo para tomar uma decisão aumenta com o número e a complexidade das escolhas. Em outras palavras: quanto mais opções você oferece de uma só vez, mais difícil e demorada se torna a decisão para o seu cliente. Portanto, neste artigo, vamos desvendar como aplicar a Lei de Hick para simplificar a jornada de compra, reduzir o abandono de carrinho e, consequentemente, impulsionar suas vendas.

ENTENDENDO A LEI DE HICK: MENOS É MAIS (E VENDE MAIS)

A Lei de Hick, formulada pelos psicólogos William Edmund Hick e Ray Hyman, é brutalmente simples e eficaz. Ela nos ensina que a complexidade é inimiga da ação. Em outras palavras, cada opção extra que você apresenta ao usuário adiciona uma “carga cognitiva”, um esforço mental que ele precisa fazer. Quando essa carga se torna muito pesada, a mente humana tende a buscar o caminho mais fácil: não decidir.

No contexto do e-commerce, isso se traduz diretamente em perda de vendas. Por exemplo, uma página inicial com dezenas de banners, um menu de navegação com categorias intermináveis ou uma página de produto com múltiplas e confusas opções de personalização são exemplos clássicos de violação da Lei de Hick. Dessa forma, o resultado é um cliente confuso e frustrado que fecha a aba do navegador.

Por isso, o objetivo não é necessariamente limitar o seu catálogo de produtos, mas sim organizar e apresentar as escolhas de forma mais inteligente e faseada. Trata-se de guiar o usuário em sua jornada, em vez de simplesmente jogar todas as opções na frente dele e esperar que ele se vire. A simplicidade percebida, afinal, gera confiança e acelera a decisão de compra.

COMO APLICAR A LEI DE HICK NA PRÁTICA NO SEU E-COMMERCE

A teoria é interessante, mas o valor real está na aplicação. Vamos ver exemplos práticos de como você pode usar este princípio das leis de UX no e-commerce para otimizar sua loja virtual.

1- Simplifique o menu de navegação

O menu é a porta de entrada da sua loja. Um menu poluído e confuso é como um mapa ilegível.

  • O problema: menus com dezenas de categorias e subcategorias visíveis de uma só vez.
  • A solução (Lei de Hick): agrupe itens semelhantes em categorias lógicas e de alto nível (ex: “Calçados” em vez de “Tênis de Corrida”, “Sapatênis”, “Bota Coturno” todos no menu principal). Use mega menus bem organizados visualmente, com hierarquia clara, para que o usuário possa escanear e encontrar o que precisa sem esforço.

2- Organize as páginas de categoria e filtros

Após clicar em uma categoria, o usuário não quer ser bombardeado com centenas de produtos e dezenas de filtros.

  • O problema: exibir 100 produtos por página e uma barra lateral com 20 opções de filtro (cor, tamanho, marca, material, preço, avaliação, etc.).
  • A solução (Lei de Hick): destaque os 3 a 5 filtros mais importantes e populares. Oculte os filtros mais específicos sob um botão de “Mais filtros”. Em vez de carregar todos os produtos, use uma paginação clara ou um botão “Carregar Mais”, quebrando a apresentação das escolhas em blocos gerenciáveis.

3- Otimize a página de produto

A página de produto é onde a decisão final acontece. Não crie novos obstáculos aqui.

  • O problema: apresentar simultaneamente opções de cor, tamanho, voltagem, garantia estendida e acessórios.
  • A solução (Lei de Hick): guie a escolha. Use seletores simples (como dropdowns ou swatches de cor) em vez de longas listas. Se uma escolha depende da outra, revele a segunda opção apenas depois que a primeira for feita. Você também pode destacar uma opção como “A mais vendida” para facilitar a decisão.

4- Simplifique o processo de checkout

O checkout é a linha de chegada. Segundo o Baymard Institute, um processo de checkout longo e complicado é um dos principais motivos para o abandono de carrinho.

  • O problema: formulários com muitos campos, várias opções de frete com valores e prazos parecidos, e múltiplos CTAs (Call to Action).
  • A solução (Lei de Hick): reduza o número de campos ao essencial. Se possível, use o checkout de uma página ou um processo em etapas claras (Ex: 1. Endereço -> 2. Frete -> 3. Pagamento). Apresente no máximo 2 ou 3 opções de frete distintas e tenha um único e claro CTA para “Finalizar Compra”.
https://youtube.com/shorts/eQqvEU32Ez4
Vídeo: Checkout que afasta clientes? Nunca mais | e-Plus

CUIDADO: SIMPLIFICAR NÃO É LIMITAR DEMAIS

É importante fazer uma ressalva: aplicar a Lei de Hick não significa remover opções que são importantes para o cliente. Se você vende sapatos, por exemplo, o cliente precisa escolher o tamanho e a cor. A lei não diz para eliminar escolhas necessárias.

O segredo, portanto, está na apresentação e na organização. O objetivo é quebrar decisões complexas em uma série de passos simples e digeríveis. A questão não é “quantas opções existem no total?“, mas sim “quantas opções o usuário precisa avaliar neste exato momento?“.

CONCLUSÃO: FACILITE A DECISÃO E VENDA MAIS

Em resumo, a complexidade é a maior inimiga da conversão no ambiente digital. Dentre as leis de UX no e-commerce, a Lei de Hick nos oferece um framework poderoso e baseado em psicologia para combater essa complexidade. Ao reduzir a carga cognitiva e guiar o cliente de forma clara, você diminui a ansiedade e a incerteza, tornando a jornada de compra mais agradável e eficiente.

Lembre-se do exemplo do restaurante: um menu bem pensado não apenas facilita o pedido, mas também transmite a confiança de que o chef é um especialista. Da mesma forma, uma loja virtual bem organizada e simples de usar posiciona sua marca como confiável e focada no cliente. O resultado final é inevitável: clientes mais felizes e um aumento sustentável nas suas vendas.

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